Uma das ressalvas mais sérias, e
mesmo de certa forma deprimente, para aqueles que na juventude adquirem paixão
pela ciência reside na forma como o mundo funciona, está na complexidade como a
ciência é feita por muitos, na forma ‘estranha’ como muitos a disseminam, desde
sistema de ensino de base a sistema de ensino superior. Damos super-valorização
a memorização e aprendizado em curto prazo, algo que vai “na contramão” dos
achados em neurociência; na verdade é realmente triste e desanimador o quanto
lentamente achados em ciências ganham aplicações em áreas estratégicas como a
de ensino, principalmente, ensino de base como escolas de ensino
fundamental. Muitos assuntos de
interesse global, não somente de cientistas, são tratados de forma ‘monstrual’;
sendo algo totalmente reservado à cientista do campo; isso ocorre mesmo no
mundo científico por si, por exemplo engenheiros com biólogos, biólogos com
matemáticos e assim por diante. Por que
isso? Não me atreveria a dar uma resposta direta e informal por motivos de
falta de conhecimento geral; acredito que mesmo uma vida inteira não me
propiciará o tal conhecimento e visão. No entanto, posto que sou um desses que
desde a juventude teve paixão por assuntos científicos, tentarei usar esse
tempo de vivência para desenhar alguma conclusão; simples, mas sinceras.
O meu primeiro e mais importante
ponto nasce da falta de interesses de muitos cientistas em fazer as coisas
simples; por motivos de vaidade, por exemplo. Dito isto, eu digo com a minha
forma de me expressar esse primeiro ponto: 1) falta de interesse de cientistas
especializados em simplificar seus trabalhos.
Visto que muitos cientistas fazem carreiras com dinheiro público, vindo
de formas indiretas de todos os níveis, ou de forma direta, esses deveriam manter
todo o conhecimento de forma acessível para novos profissionais; neste caso eu
defendo os jovens cientistas, algo não referido à idade.
O segundo ponto, algo mais para a
redenção dos cientistas, sendo eu um no momento, ao menos considero depois de
jogar toda uma vida pela frente para me dedicar totalmente à arte de pensar e
documentar. Muitos assuntos são difíceis
de traduzir em termos simples devido à dependência de novas formas de pensar; a
abstração é uma arte, algo temporal e espacial. Muitas áreas são totalmente
dependentes de outras para existir. Sendo assim, também as pessoas devem procurar aprender mais, ou seja, perder algumas
horas de novela das oito para entender conceitos simples como ‘função’,
‘matriz’, ‘incógnitas’, ‘equações’, ‘gráficos’...todos esses são assuntos
simples e vital para qualquer entendimento. Mesmo sendo esses chatos, como 99%
dos brasileiros diriam isso sem remorso, esses são frutos do desenvolvimento do
intelecto humano, algo que levou bilhões de anos. Alguns cientistas morreram
sem ao menos obterem algum retorno devido aos seus trabalhos, mas seus
trabalhos vivem, crescem e estão na nossa tão aclamada e amada tecnologia.
Sendo assim, um segundo a ser colocado na cruz somos nós, leigos que não perdem
um pouco de tempo para a busca do auto-conhecimento.
Um
terceiro ponto está na natureza. Minsky, um cientista que dedicou parte do seu
trabalho a entender o cérebro humano, ‘mente’, uma vez documentou que se a
natureza fosse simples, seriamos simples demais para entendê-la. Isso se
reflete no fato de que a mente é uma manifestação específica da natureza, algo
local, mas que reflete o todo: a natureza. Posto assim, parece um paradoxo,
nunca poderemos entender a natureza por sermos parte desta. Isso é similar a
dizer que se Deus é todo poderoso, então ele pode criar uma pedra que ele não
pode carregar, se existe a possibilidade de existir essa pedra, então ele não é
todo poderoso. Esses paradoxos estão em todo lugares e são discutidos em áreas
como lógica confusa (fuzzy). É
interessante levantar que um destes paradoxos levou Einstein à acreditar que a
velocidade da luz deve ser constante para qualquer referencial: pense que você
viaja a velocidade da luz, você segura um espelho. Sendo nossa imagem apenas
reflexo do nosso corpo, sendo assim a luz nunca alcançaria o espelho; você será
invisível! Mas isso não faz sentido baseado na nossa experiência do dia a dia.
Muito outros paradoxos também sugiram ao propor constância da velocidade da luz[1]. Por conseguinte, a natureza é o terceiro
culpado na lista.
Muitos
trabalhos na ciência são chamados de ‘carro chefe’; esses são pesquisas que
‘roubam’ dinheiros para universidades e institutos aclamados. Esses usam essas
pesquisas para ocuparem o tempo de milhões de desocupados com neurônios prontos
para trabalhar. Sendo deste modo, essas
pesquisas são como novelas e filmes em séries, nunca se saber o que vem depois,
mas algo deve aparecer por que esse deve pagar os milhões de euros e dólars
gastos. Mas isso é também devido às limitações das ciências do que algo mais.
Consequentemente, a ciência como os seus métodos ‘quadrados’, ‘cilíndricos’ e
‘circulares’ forma a quarta base para nossa limitação como ‘ciência do povo’,
os pilares da ignorância coletiva.
O
assunto deste livro preenche todos esses pontos. O assunto é complexo, difícil
de ser explicado de forma eficiente, precisa, de forma simples e ‘vulgar’. Esse
é uma área ‘quente’; investimento é gasto em alto nível devido à natureza
multi- e inter- disciplinar do assunto. O verdadeiro motivo está no fato de que
inteligência parece ser um dos únicos e mais importantes campos que temos
patinado desde a Grécia, ‘O milagre grego’, ‘a idade da razão’, Os resultados
são similares aos carros voadores dos Jetsons
ou do ‘o quinto elemento’; algo que sonhamos, pesquisamos, mas as leis dos
homens e natureza transformam isso em um sonho efêmero, uma pepita de ouro de
tolo. Ao assistirmos filmes de ficção e depois lermos um livro de física ou
biologia, por exemplo, logo pensamos, ‘este cara deste livro é ignorante’; na
verdade somos todos, no quais a imaginação está sempre a frente.
Esse
livro se dedica a explicar o conceito de redes neurais de forma o mais simples
possível. O único pré-esquisito é força de vontade e desejo de aprender. O
autor tem experiência com problemas com as formalidades da ciência moderna, mas
algo que não o limitou; normalmente as pessoas desistem ao verem esses
obstáculos e procuram o que se paga mais; ou seja, o que todos fazem, isso não
é ciência, mas sim negócio. Um dia disseram, “somente aquele que já errou e aprendeu
ensinar melhor”. Afinal, somos apenas erros da natureza que gerou inteligência,
erros inteligentes, erros tão paradoxos e úteis como a velocidade da luz.
Jorge Guerra Pires
Maio, 2013
Antônio Pereira, Brasil
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